13 de fev. de 2009

Entrevista com Dialéticos do Morro





Vanguarda: Fale um pouco sobre o Dialéticos do morro? E como surgiu esse nome? Previsão de algum novo trabalho? Terá alguma participação?

Dialético –
Bom o grupo foi formado em 2006 em meados de setembro, na verdade o nome já existe a milianos. Mas era aquela coisa de época de escola e tal. Mulecada mesmo, onde o único que se submetia a levar a serio era só eu, daí veio as primeiras rimas. Daí em 2006 conheci o Alemokiller e aí resolvemos fundar o Dialéticos do Morro de verdade. Estamos ai há dois anos juntos, varias demos gravadas pára analise, participação terá sim, mas somente de backing vocais que estão no cenário do rap hoje ae, mas não sou eu quem estou cuidando dessa parte. Previsão de lançamento é complicado estipular, pois nunca é demais lembrar que a situação de novos grupos de Rap nacional é demasiado complexo para explicar em poucas linhas. Contudo, cada grupo possui uma circunstância específica que se difere de todas as outras. Somam-se as circunstâncias regionais de cada cidade, região, estado, integrantes, apoio, gravadora, produtora, distribuidora, patrocínio, editora, rádios, divulgação, circunstâncias financeira, histórico de atuação de todas essas circunstancia, "humor" de pessoas fluentes, pressão de quem ta por fora e etc. então o que podemos dizer é uma perspectiva para o 3° trimestre desse ano, mas eu digo perspectiva e não previsão. Referente ao nome do grupo; surgiu pelo significado e o intuito do próprio. Pois Dialético é a arte de discutir, é a argumentação dialogada! É tudo aquilo que se assimila ao RAP. Muitos vê uma brexa em o que você diz, vai La no dicionário, vê o significado da palavra, vai ao pé da letra e acha que dialético é o cara que fala bonito, fala difícil e etc. Mas não, uso das minhas palavras uma forma de expressão transparente, pois isso sim é a dialética, argumentação dialogada. Aquilo que todos entendem. Eu poderia antes de da entrevista ou escrever uma letra, buscar um vocabulário dificultoso, pra pagar de “pã” sendo que nem eu saberia o significado do que estaria dizendo, isso sim não seria ser dialético. Mas como eu digo, faço das minhas palavras um discurso ético, transparente, que todos entendam. E não um contrato de direito.

Vanguarda:
Qual o intuito do seu Rap?

Dialético –
Levar a informação, denuncia, protesto e o entretenimento ao publico, de tal forma que abrange o vôvô de 100 anos e a criança de 5 anos, homem, mulher. O que não quero é escrever uma letra hoje e daqui 10 anos muda 20% meu estilo, por que é obvio que serei criticado, então já deixo claro que tenho som de vários gêneros. Quero um cd que contem o rap violento, protestante, lento, romântico e dançante (sem mexer o corpinho, rebolar, se maquiar) em um único cd com cada musica de um gênero diferente de outra... mas o mesmo intuito.

Vanguarda:
É verdade que vocês são ligados a máfia dos caça-níqueis?

Dialético –
Não! Não temos envolvimento com máfia nenhuma. Tudo que foi postado em um site por ae, foi incoerência de jornalistas de 2° linha.

Vanguarda:
Você acha que o publico do Rap ainda é muito preso a determinados assuntos? Que quando aparece grupos falando de assuntos na qual não lhe agradem, eles já intitulam como “Não é Rap”

Alemokiller –
Algumas pessoas sim pois é natural do ser humano, prender-se a um grupo que o agrade e por este motivo os grupos com opiniões diferentes são considerados como “Não é Rap”, mas no Brasil a evolução do Rap vem mais do publico do que dos próprios Rappers, se você ouve um som diferente dos que você acha que são verdadeiros rap e ignora o som sem ao menos se atentar no tipo da critica, você já está vetando a evolução do rap.

Vanguarda:
Vocês tem alguma influência dentro da musica? E fora dela?

Alemokiller –
Obviamente, até então todos os rappers tem algum tipo de influência dentro da musica, como nós também temos o nosso. Fora da musica temos: Martin Luther King, Zumbi dos Palmares, Nelson Mandela e etc.
Vanguarda: Você acha que como Rapper, você precisa evoluir?

Dialético –
Com certeza, e não somente eu como o Dialéticos, acho que isso é um dos motivos em que ainda estamos em teste, só em demos. Quando evoluir-mos musicalmente iremos gravar o oficial. Não acho que nosso flow ta apto pra ir pra uma cd. Também não esta ruim. Já esteve pior, e estamos melhorando. Agora em parte de composição esta legal. Mas tambem espero que evolua mais, pois tudo deve evoluir.

Vanguarda:
Seu rap é criticado por alguns intitulando-o como “Som pra Boy” por você falar de mulheres, carros (etc) em alguns dos seus sons, como você vê isso?

Dialético –
Dizer “Seu RAP” é muita coisa. Acho que o ideal seria perguntar sobre a musica “Perigos e ambições” pois ninguém nunca nem ouviu as outras restantes, e quem ouviu (em ensaios, shows, demos que não vazou na net) aplaudiram. Pessoas que não curtiram “Perigos e ambições” gostaram das outras. Acho que a bola da vez esta nela. Mas não vejo ali um som de playboy, aquilo narra a historia de um narco-traficante, o mesmo que quando sai na TV, muitos aplaudem, e não entendo como renegam o som. O que foi narrado naquele som, é o mesmo que já foi narrado em vários sons de vários grupos de rap que contam a historia de um traficante, mas eu acho que o meu, foi cantado em ritimo dançante, sem maquiar com muito sangue. Mas porque de boy? Não ostenta mulher, apenas diz o que o cara vive quando tem cacique. Só porque eu sampleei a base do negão? Adoraria que a musica fosse apreciada com atenção. E depois os jurados do nosso cenário de calouros analisassem se a musica em algum momento fala de um playboy que nasceu em Alphaville, e tem mulheres e carros.

Vanguarda:
Qual é a sua idéia de RAP hoje? como você acha que está a situação do HipHop no seu conceito, e na cultura em geral?

Dialético –
Acho que esta indo bem, na verdade sempre achei que o rap estaria indo bem. Mas em dois ângulos vou ser bem sincero; vejo nas musicas de hoje em dia, muita informação, riqueza em letras, bases e etc. antigamente não via tanto disso, mas por outro lado via shows lotados. Hoje vejo o inverso disso.

Vanguarda:
Acha que precisa de muito pra melhorar? O que por exemplo?

Dialético –
Da parte dos rappers acho que seria legal serem mais fieis ao publico, principalmente o rap que é um estilo de musica que tem grande responsa na influencia da geral. Do publico, acho que mais dedicação, não dizendo dos fã verdadeiros. Pois vejo muito carinho de vários fã para vários grupos, mas eu me refiro a aquele que ouve o som, gosta, mas ao invés de ir pra um show de rap que as vezes é beneficiente. Paga 20$ pra ir no baile funk.

Vanguarda:
O que você acha e diria para as pessoas que criticam não só o seu RAP, mas de outros que assim como você fazem um som diferente?

Alemokiller –
Bem como já foi dito nosso RAP não é diferente, como todos os outros grupos falamos de protesto, denuncia, desigualdade social, informação, fome, guerra e etc. Com a esperança de algum dia, todos esses quesitos mudarem para melhor não só no Brasil mas no mundo também, por isso precisamos de mais e mais gente em shows de rap, para fortalecer o mesmo. E por isto não vejo motivo para criticas, nem mesmo pela única musica nossa atualmente disponível na internet “Perigos e Ambições”.

Vanguarda: Às vezes o publico do Rap diz “Ele não é pela favela”...O Dialético é pela favela?

Alemokiller –
Bem o que vem a ser a expressão “Ele não é pela favela”, será que só é pela favela as pessoas que viveram lá? Se for isso um monte de grupos de rap, estariam condenados, pois tem muita gente que não é pela favela. Em minha opinião os Dialéticos é pela favela não por que vivemos, ou por que já passamos necessidades, ou também por que já tivemos oportunidade de seguir no mundo do crime, mas sim por um motivo, por lutar pela favela ao favor dela, nas nossas musicas mostramos isso a desigualdade que há entre um rico e um pobre, entre um cara que mora em uma mansão e um cara que mora em um barraco, mostramos que no Brasil quem mora na favela não tem vez, enquanto é ator e comete um homicídio, é preso e uma cela melhor do que qualquer barraco e quando sai tem a ficha limpa como se fosse um cidadão normal, lutamos pelo nosso direito, lutamos pelo fim da desigualdade no Brasil, pelo fim do Racismo no Brasil, pelo fim da ganância, os Dialéticos do Morro lutam pela favela.

Dialético – Na minha opinião, já penso um pouco diferente. Não é pela musica, somos apenas cantores e compositores. Acho que ser pela favela é você ajudar ela na pratica (exemplo MV Bill) e não na teoria (letras em prol dela, e atitudes contraditórias no futuro, ou ate mesmo no presente). Então o Dialéticos é pela favela, mas só na teoria. Infelizmente!


Vanguarda:
Espaço aberto para falar o que quiser, sinta-se a vontade.

Dialético –
Quero agradecer mesmo de coração e também torcer pelo trampo de vocês da vanguarda. Agradecer a todos que acreditam na gente. E um agradecimento mais que especial ao nosso produtor, e aos grupos; Hip Hop Atitude e Conexão favela, manos 100% humilde do norte de minas gerais e responsáveis pelo nosso envolvimento no Rap Norte-Mineiro. valeu.

Alemokiller – Salve, só tenho a agradecer pelo espaço que a vanguarda abriu para gente fazendo essa entrevista, vou torcer pelo crescimento do trampo de vocês, mandar um salve a todos os meus manos e minas, para minha família e minha namorada em especial, um salve para o Erick 12 e pra quem sempre acreditou e correu por nós. Contatos: 8260-8271 André Nextel: 15*30740

Amiga de fé : http://www.4shared.com/account/file/82212621/8e9de67f/Dialticos_do_Morro_-_06_Amiga_de_f.html


Perigos e ambições : http://www.4shared.com/file/68651718/10f0616b/07_Perigos_e_ambies_-_Dialticos_do_Morro.html


Saudades : http://www.4shared.com/file/25828115/7a73fcb4/Saudades_-_Dialticos_do_Morro.html

Comunidade no Orkut : http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=13885716