16 de mar. de 2013

Presente de grego, né?


Temos travado anos incansáveis de lutas, muitos ficaram pelo caminho ou caíram em armadilhas inimigas, mas ainda assim todos com as armas escolhidas, pelejam pelo direito da expressão real.
Alguns dias atrás o maior rebuliço, tomou conta da vida de todos que são envolvidos de alguma maneira com o Rap nacional: a ida de um antigo Mc a um programa de TV. Diferente dos outros que tentaram esse caminho, parece-me que a aceitação dessa vez foi um pouco maior e pelas características da “estratégia”, a ação foi denominada Cavalo de Troia.
Nós gregos possuímos talvez a mais bela das musas, a música real escrita com sangue, nossa Helena.Quando os troianos a viram, o desejo de posse foi imediato, durante muitos anos eles têm tentado o rapto, eles a querem a todo custo, mas o amor dela nos pertence. A nossa guerra não tem espadas, nem mesmo cavalos, muitas vezes ela acontece muito mais no sentido simbólico.
E é nesse sentido, e no que diz respeito à representatividade, que acredito que devemos olhar a ação do nosso Marechal. Efetivamente falando, o programa, a globo e a mídia podre não vão acabar por conta do acontecido. A guerra ainda esta em andamento, mas como eu disse em outras vezes, ela agora é mais silenciosa e astuta do que nunca, exatamente por isso, em tempos tão nebulosos como o que estamos passando precisamos dessa figura, desse centro de resistência. Ele não rimou para que os participantes tomassem consciência do que é certo ou errado, ou para que os milhões de telespectadores adotassem algum tipo de boicote em virtude da mensagem. Marechal cantou a esperança pra mim e pra você, ele cantou a confiança nas nossas pequenas ações e a grandeza daquilo que acreditamos.
Sempre tento ser o mais imparcial possível nas minhas colocações, mas dessa vez é diferente, pois a injeção de ânimo que recebi nos últimos dias, me deixou tendenciosa. Sei que é muito bom quando pensamos idealmente tudo o que o Rap deveria fazer, como deveria agir, que lugares deveria ou não frequentar, nos preocupamos com grupos premiados ou não no VMB, em julgar se fulano se vendeu, se ciclano caiu em contradição e nos preocupamos com tantas mesquinharias, muito mais do que
com as crianças que estão em pleno 2013 cantando Castelo de Madeira, por exemplo.
Precisamos aprender a trabalhar com o que temos de fato em nossas mãos, nos preocupar com o que realmente importa e quem sabe ouvir um pouco mais os conselhos dos mais experientes: "vamos voltar a realidade". Essa tem sido minha luta diária.
E você, pelo que tem lutado?

Aline Lopes.