Hoje vamos postar uma entrevista diferente, foi um espaço que a Vanguarda concedeu ao grupo de ragga de goiânia "Ragga Rural" de expressar um pouco sobre essa cultura que está crescendo no país. O polêmico e Rudeboy Lethal, pioneiro do Rap goiânio fala um pouco dessa cultura, o por que de sua saída do Rap, sua briga/revolta com a Cufa e muito mais.
Nos fale um pouco sobre essa mixtape que está por vir?
Ragga Rural: Na real a cena dancehall cresceu muito nesses últimos 2 anos chamando atenção de casas noturnas até na Europa. Eu estava em contato com um “brother” do Brasa que mora na França e ele me pediu pra selecionar alguns sons que ele posteriormente vai lançar em cd ...E eu vou lançar na net porque sempre baixei na net, e meu interesse é divulgar os nomes da cena dancehall.
E a agenda de show, tem como falar algo a respeito?
Ragga Rural: Pó, está lotada aqui em Goiânia, vamos tocar também em Saão Paulo - São José Do Rio Preto dia 24 de abril , Vitória – Espírito Santo e estamos fechando com o pessoal do Mocambo em Curitiba.
Nos fale um pouco sobre a cultura Ragga/Dance Hall?
Ragga Rural: Raggamuffin (ou ragga) é uma espécie de Reggae Rap que inclui apoio digitalizado instrumentação.
É uma forma de dancehall, e tem sido popular desde os meados da década de 1980.
Raggamuffin moleque, menino maltrapilho, um termo usado pela juventude do ghetto de Kingston.
Por causa dos custos relativamente baixos de ritmos feitos por sintetizadores, o ragga transformou-se a modalidade preferida para muitos produtores Jamaicanos, também os permitiu fugir da idéia de “Roots” o ragga não precisava ser feito com a mesma fé que os rastas usavam para compor um reggae.
Durante os anos 90 o ragga remanesceu firmemente como o som mais popular para os dancehalls Jamaicanos. Começou a incorporar técnicas de amostragem do Hip-Hop, e diversos de seus artistas marcaram batidas do cruzamento nos Estados Unidos; o ragga era também uma influência importante na cena prosperando da selva/drum'n'bass do Reino Unido.
Em Goiânia, capital de Goiás nasceu o Ragga Rural, raggamuffin goiano do pé rachado.
É sempre notória a comparação entre Rap e Ragga, e sabemos que no Rap se cobra ideologia e protesto na maioria das vezes. O que se pode cobrar do Ragga? E qual o intuito dele?
Ragga Rural: Ragga DanceHall é feito pelos “rudeboys” que gostam de baladas, de mulherada e diversão. Pra mim isso também é uma ideologia . O melhor de tudo é que o público é muito mente aberta e o próprio público do rap que frequenta shows de ragga sabe diversificar um ragga de um rap. Então, a galera do Ragga cobra música boa nos ouvidos, o resto a gente que faz acontecer sendo protesto ou sexisista o nosso intuito é que só Jah pode nos dar o veredicto.
Como vocês acolhem o publico que apontam vocês como quem nada faz pelo povo, sabendo que vocês realizam até show beneficente?
Ragga Rural: A gente sabe que só Deus ou Jah como a gente fala, pode nos julgar... Fazemos nossa parte até mesmo ajudando crianças deficientes, a gente faz sem hipocrisia, no rap o cara fala muito e não faz nada, a gente fica calado e fazemos nossa parte que nos engrandece espiritualmente.
Qual a diferença do tema Sexista do Ragga pro Funk? É só a musicalidade?
Ragga Rural: Tudo é totalmente diferente, cantamos em instrumentais chamados de “riddim” e usamos técnicas vocais que abrange o reggae. Fazer dancehall é pra poucos, funk qualquer um faz, o sexismo no ragga é uma tradição desde a época de Yelllow Man um dos pioneiros do Ragga jamaicano e a gente segue nossa ideologia que é diferente da do funk. Somos místicos como Peter Tosh .
Lethal, você foi um dos pioneiros do Rap em Goiânia, por qual motivo você saiu do Rap pra adentrar no Ragga? Existe muita hipocrisia no meio do Rap?
Ragga Rural: Meu grupo de rap é o primeiro de Goiânia, o Testemunha Ocular. Lançamos 3 cd’s por gravadoras de rock que usou e roubou muito a gente nas vendas dos cd’s, nosso primeiro cd foi em 1999, depois 2003 e 2007. Hoje pesquisando na net tem cd do Testemunha Ocular até no Japão e as gravadoras passou a gente pra trás. Eu sempre gostei de Ragga, meu vocal sempre teve essa influência desde o começo quando eu ouvia Yellow Man, Mad Lion, Shaggy, Shabba Ranks... Quando eu andava de skate eu achava que era um estilo de rap e trouxe isso comigo desde quando comecei a cantar rap depois que eu aprendi diferenciar um do outro. Eu e o Kaverna começamos a fazer Ragga e cantar no show da banda de Reggae dele o “Mamma Jamma” uma banda formada pelo guitarrista do Bob Maley chamado Júnior Marvin que tem um filho com uma mina em Goiânia. Essa é a primeira banda de reggae de Goiânia e depois que o Júnior voltou pra Jamaica a banda continuou, mas não deu certo. Aí o Ragga Rural começou a ganhar respeito pelas bandas de reggae local nossa presença de palco é tipo “radiotiva” contamina todo mundo, e a mulherada dança. Quanto ao rap acho que existe hipocrisia sim, mas continuo meu projeto com a VMG e com U-Inverso que saiu da família RZO pra somar com a VMG, a única diferença é que eu sou um “raggaman” ou um “mc de ragga” pra ficar mais fácil da galera entender .
O Ragga ainda não é muito aceito pelo publico do Rap, o por que disso? E você acredita nessa aceitação? Ou prefere que o Ragga tenha um publico especifico?
Ragga Rural: Aqui em Goiânia nosso público maior é de reggae em shows do Ragga Rural, mas tem muito cara do rap nos shows. Tem muito cara deixando de fazer rap pra fazer ragga e isso vai virar uma bola de neve porque tem muito cara do reggae também deixando o reggae pra fazer ragga. Acho que o “dancehall” é o som do futuro, já domina a Europa junto com o rap, e hoje vejo grandes nomes do rap com grandes nomes do ragga fazendo som juntos exemplo Damian Marley & Cypress Hill, aqui no Brasil “tamo” caminhando e tenho certeza que a cena daqui 2 anos estará muito grande e ninguém segura.
O Ragga e o Dancel Hall aborda também o sexo em suas letras, esse tema é bastante criticado por muitos. Você acha que é hipocrisia a não aceitação do tema sexista? Ou apenas um gosto mesmo?
Ragga Rural: Todo mundo gosta de sexo, então é hipocrisia sim. Vejo isso por parte da galera do rap que querem pagar de intelectual e criticam uma parada que eles nem conhecem, mas graças a Deus o público do rap está conhecendo o ragga e começando a diferenciar as coisas.
Existe alguma diferença entre Ragga e Dance Hall? Quais?
Ragga Rural: Não existe. O que existe é que “Raggamuffin” é tipo uma gíria jamaicana pra maloqueiro, tipo, os cara do próprio reggae falava isso porque quando começou o ragga os cantores cantavam em instrumentais chamados “riddim” porque não podia ter uma banda de reggae e era taxado de maloqueiro, depois o ragga evoluiu e até tem ragga com banda ,isso no mundo todo...Eu também toco dancehall com banda aqui, é muito bom tb. Mas eu gosto mais de cantar em “riddim”.
Você começou com o Rap, tem uma forte influência do Reggae e trabalha com o Ragga. Isso é uma contradição, ou os 3 estilos se completam? E você se diz ser “rudeboy”, o que seria?
Ragga Rural: A Música negra é uma árvore e nela tem vários frutos. Tanto rap, reggae e ragga é da mesma árvore e se completam totalmente, se você pesquisar a fundo Kool Herc (nascido Clive Campbell em 16 de abril de 1955, Kingston, Jamaica), também conhecido como Kool Herc, DJ Kool Herc e Kool DJ Herc, é um DJ jamaicano, notavelmente o primeiro a samplear melodias criando a batida inicial do rap, uma variação do funk, sobre o qual eram falados versos, assim como no funk contemporâneo de sua época.Kool Herc é jamaicano e ele fazia tipo uns freestyles em cima das batidas que ele criava e a galera de nova York transformou o ragga em rap porque o que ele fazia em cima das batidas era ragga, porque ele é da jamaica e o dialeto é banton, o sotaque já proporciona um ragga. A levada ficou mais reta no jeito americano de cantar, ganhou o nome de rap e chegou aos ouvidos do mundo todo, primeiro que o ragga...Essa é a verdade. Sou um Rudeboy porque sou rude mesmo, tenho atitudes de um ser humano rude, então sou um rudeboy.
Obs: Kool foi o jamaicano que desenvolveu o rap em Nova York!
O porquê da sua revolta com a Cufa?
Ragga Rural: Uma farsa armada por um Rapper da favela chamado MV Bill e um ex policial chamado Celso Athayde, eles usam a cultura Hip Hop pra promover o grande circo capitalista em cima de pessoas que seguem o rap como religião e não conseguem enxergar as falcatruas da cufa. Eles não pagam nem a passagem de grupos desconhecidos que eles convidam pra participar de eventos no Rio De Janeiro, nem lugar pra dormir tem. Fazem o povo de troxa durante os eventos, quem quiser ajudar tem que ser voluntário e só ganha água, enquanto isso eles enchem o bolso e dão risadas porque usa a miséria e a desinformação pra ficarem cada vez mais ricos.
MV BILL & NX0 JUNTOS É UM EXEMPLO VIVO DO QUE ESTOU FALANDO, É PIOR QUE O CABAL, REPARE AS LETRAS E A TRAJETÓRIA DO BILL. NEGUIM TEM QUE PEDIR BENÇA PRO D2 LÁ NO RIO, PORQUE MESMO MUDANDO A PROPOSTA NÃO FEZ MERDA E NÃO USOU NINGUÉM.
Espaço totalmente aberto, fique a vontade.
Ragga Rural: Primeiramente agradecer o espaço que o Sagat deu para expressar-me e levar informação pra dentro das casas de muitas pessoas que posteriormente vão repassar pra outras...
Depois queria agradecer muito a minha família VMG, principalmente o MORTÃO que é meu produtor, pra mim o melhor de todos os rappers do Brasil. Agradecer também, Sacal por ter investido com a gente nessa saga do RAGGA RURAL, juntamente também com Alien Men, Mista Pump Killa & meu parceiro U-Inverso.
Vou deixar aqui uma resposta do Jimmy Luv, o pioneiro do ragga nacional, que ele deu pra um site de música:
Ja ajudaste muitos artistas a alcançar sucesso. Neste momento pra ti qual é o artista que vai se destacar no ragga?
"Aqui no Brasil estão surgindo vários cantores bons, mas destaco a Ms Ivy, Buyaka San, Sacal, Ragga Rural, Pump Killa e Sandro Black."
Palavras do Pioneiro na Cena do Dancehall/Ragga Nacional: “JIMMY LUV” – A.k.a Galo Rex
Para baixar o Single "Ragga Rural & Pump Killa - Hey", CLIQUE AQUI