Hoje iremos lançar uma entrevista com o nosso mano Relry falando sobre o fim do grupo Goiania Gangsta e também desabafando sobre o seu ponto de vista referente ao RAP, essa entrevista era pra ter saído no dia 26 de março juntamente com a Mixtape Salut Sam! Porém houve alguns contra-tempos que impediram de ser lançada na data certa, mas enfim conseguimos...
Gostariamos agradecer antes de tudo ao Relry que irá deixar o rap mais a admiração que temos por ele continuará, uma pessoa que sempre nos ajudou de diversas maneiras, divulgando nosso nome, participando de nossa mixtape, enfim, você está deixando o rap, mas sempre será um Vanguarda!
1) Após a despedida do grupo qual serão seus planos? Continuar do RAP de forma direta ou indireta ou fazer recentemente como o Flagrante (Ex Realidade Cruel) fez abrir mão do RAP e seguir uma vida normal?
Relry: Eu sempre tive uma vida normal no rap, só não me dedicava dia e noite e nem tentava viver do rap por que eu sempre fui independente e sempre precisei de grana imediata, tenho um gasto mensal grande se for comparada a minha classe financeira, muita gente pode achar estranho, mas pra uma pessoa que "sempre" morou só é um risco e tanto confiar uma subsistência em um estilo discriminado e que cada dia deixa mais evidente que os bons jamais serão os donos da cena, essa parada de viver de rap hoje em dia funciona mais é pra quem vive com os pais ou não depende de si mesmo para comer e pagar contas. O rap não existe mais pra mim, se eu fizer som Gospel será escrito como rap e cantado em base de rap, mas chamarei apenas de "louvor" não tenho mais compromisso com o movimento. E minha vida agora é outra, meu foco é Deus, as outras coisas estão em segundo plano.
2) Na Mixtape contém alguns sons que iriam sair no cd do Goiania Gangsta, porém sabemos que existem mais musicas feitas, você tem planos para elas?
Relry: Sim a Mix tem 5 sons que iriam pro cd e mais um que era o do Gantz (que por motivo da morte da mãe da esposa do meu produtor não pode esta na Mix), tenho outros sons escritos e bases para eles, mas não estão gravados. Acho que vou condicioná-los á um "arquivo morto", aliás, tem muitas letras, mas pra mim já era. E pra lembrar, tem um som que eu fiz com meu irmão Mc Lethal em 1942 antes do fim da segunda guerra (Risos) gravamos na casa do Mortão (na época ele ainda era vivão) esse eu nem sei quando o mestre dos magos vai lançar, mas quero deixar bem claro que não foi gravado apos 26 e março de 2010.
3) Você tem em mente criar um grupo gospel posteriormente?
Relry: Não, não me vejo fazendo som gospel (ainda) o dia de amanhã eu não sei. Mas se isso acontecer então os "louvores" terão no mínimo 11 vezes mais a qualidade de cada som da Salut Sam. Mas deixo nas mãos de Deus, eu não pretendo voltar pros estúdios, mas o futuro a mim não pertence.
4) Referente aos outros integrantes, eles concordaram em acabar com o grupo? qual foi o ponto de vista deles sobre isso?
Relry: O negão saiu da cadeia recentemente e me disse que pretende trabalhar e constituir família, já até arrumou uma namorada e pretende casar-se, o irmão dele e o restante de sua família viraram evangélicos nesse espaço de tempo que ele esteve trancafiado, o WG tem um grupo que formou recentemente chamado "Registro Geral" o Derick ainda ta na TNT e a Aldenize vai virar evangélica e fazer parte do grupo de louvor, nunca fomos um grupo, sempre fomos uma família e sempre concordamos uns com os outros (Risos) pare até mentira ou conto de fadas, mas é verdade (mais risos).
5) O que você acha da desunião no Rap? Acha que se os MC’s fossem um pouco menos individualistas o Rap conseguiria alavanca um pouco mais o público?
Relry: A individualidade dentro de um conjunto chamado Hip Hop acaba de modo involuntário se tornando parte do coletivo em si, até mesmo por que mesmo que sejam solos ou grupos o nome é o mesmo, ou seja: RAP. A individualidade não atrapalha em nada, mas a falta de qualidade SIM. E quanto ao publico esse sim é individualista, POIS CADA UM PENSA DE UM JEITO DIFERENTE, mas no final somam-se ao mesmo coletivo já citado.
6) O que você acha que falta para o nosso Rap Nacional crescer profissionalmente? E qual o maior defeito do mesmo?
Relry: O que falta é compromisso com a qualidade e a quebra-de-elo com a quantidade, o que falta é os mc’s porem na cabeça que fazer sons iguais o Facção não adianta, pois o Facção já faz, copiar Racionais não adianta pois já existe os Racionais, precisa o povo por na cabeça que rap também é musica temos que ter ritmo, poesia, letra, conteúdo e sermos realmente necessários em cada som que fazermos.
7) Você é bastante criticado pelo teor de suas letras, muitas vezes criticando Mc’s e o próprio Rap. Você acha justo essas criticas?
Relry: As criticas são justas, se não fossem justas eu criticava os mais fortes que estão mais em evidencia, assim ganharia mais "fama" (se esse fosse meu objetivo), eu vi o rap pedir o fim do racismo e vi esse mesmo rap aplaudindo os versos racistas do Brown, você esperava o que? Eu vi o Patrick Horla ser mais que perfeito e um bosta igual o Emicida ganhar nome com letras de merda, você esperava o que? Eu vi o rap pedir o fim da discriminação social e vi o mesmo rap fazer apologia ao preconceito contra os mais ricos, você esperava o que? Que eu ficasse quieto e ouvisse Facção Central como se nada tivesse acontecendo? Não! Eu entrei no rap por outro motivo.
8) Não é meio incoerente dizer que criticas são justas, tendo em vista que você afirma fazer o certo? E qual é esse motivo que fez você adentrar no Rap? E por que não teve força pra continuar?
Relry: Na verdade afirmar é uma coisa e fazer é outra, eu não afirmo, eu faço. Eu não uso de subterfúgios, e criticar é sempre válido, pois á de haver em todo lugar um que faça parte da mesma opinião sua e é isso que faz surgir os grupos e as “questões” e querendo ou não FOI ISSO QUE FEZ O HOMEM PROGREDIR ATÉ HOJE, eu já ví muitos rappers defendendo Fidel sendo que o mesmo até nos dias de hoje ainda mata gente em seu país simplesmente por considerar idéias opostas como “crimes de opinião”, eu já vi rappers usando camisas do Che Guevara sendo que o mesmo era fã do Hitler 2 ( Stalim) ele matou muita gente (alguns tantos inocentes), então não é esse tipo de “questão” que falo. O motivo que me fez entrar no rap foi a rebeldia (eu era novo demais e nem fazia idéia do que era uma ideologia formada ou do que o rap viria a se tornar mais a frente) depois eu fui me amadurecendo junto com o rap e fui vendo nele uma válvula para me desabafar sempre e pedir liberdade, mas comecei a ficar cabreiro quando meu próprio veiculo de liberdade estava me “prendendo” de forma arbitraria, e mais eu também entrei no rap por causa da dança eu era fanático em Smurf (o povo besta de hoje nem deve saber o que é isso), alias tem muito cara que me da vergonha, eu sempre via eles nas rodas de Smurf dançando Hammer e Vanilla e hoje eles falam “ Vanilla? Humm num gosto! É coisa de boy ( então também existe muito cara antigo besta também [risos] ). E estou parando não por falta de força, mas sim pelo facto de eu não querer ir contra eu mesmo, eu sempre disse que rap era rua, hoje eu não sou mais rua uso roupas caras, ganho bem, assisto Smalville, e nem passo perto de drogas (não que esse seja um requisito) , eu sempre disse que rap era dedicação, mas nos dias de hoje mau tenho tempo pra lançar 5 sons por ano (só Deus sabe o quanto foi difícil gravar a Mix “Saúde Santa” que lancei no dia 26/03/10) eu na verdade nunca tive como ser dependente do rap, pois sempre fui independente e sempre precisei de grana imediata, e todos nós sabemos que rap é uma coisa mais arriscada que loteria, e alem do mais eu sempre preguei que é errado ter o rap como carreira e eu mesmo precisava de uma carreira então não dava pra ser o rap, entrei limpo e saí limpo.
9) E quando você faz seu som, você não acha que já leva criticas a quem já é criticado demais por quem não entende?
Relry: Na verdade eu procuro buscar pontos ainda não tocados, alias alguns desses pontos são postos em pauta em reuniões pessoais, mas nunca ou quase nunca em sons, por exemplo: o racismo do Mano Brown muita gente comenta, mas pouca gente posta ou grava
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10) O que o seu Rap acrescenta para um seguidor? Já que atualmente suas músicas são mais destinadas a outros Mc’s do que ao próprio publico.
Relry: O meu rap apresenta o meu ponto de vista, assim como quase todo rap faz. Só que quando faço criticas á outros mc's eu espero acrescentar algo sobre aquele determinado assunto e não sobre aquele determinada pessoa, sempre deixei bem claro que a parada é musical e não pessoal. Por exemplo: quando critico o FC eu falo em parábolas ou digo que "não é certo levar mais ódio á quem já tem ódio demais". Quanto falo do Emicida eu deixo clara a questão dele se auto-intitular algo que não está compatível ao nível dele tento deixar claro que isso é uma casa edificada por sobre a areia e não sob a rocha firme. E além do mais meus rap's não são todos criticando (AQUELA DETERMINADA PESSOA).
11) Em um som seu você cita “Se não for pra ser rapper, não force sua fé”, fazendo alusão a aqueles que não tem o dom da rima (Pelo menos na sua visão) mas mesmo assim defende com unha e dentes o Ivo mamona apenas pela sua pessoa e não pelo talento que você tanto cobra. Entretanto, critica o Facção Central musicalmente e diz que só de “ideologia” não se vive o Rap. Como é conviver com as opiniões apenas que lhe convém, usando dois pesos e duas medidas para seus gostos?
Relry: Eu não defendo a sonoridade do Ivo Mamona, eu defendo a ideologia que ele usa, ou seja: “se não for pra ser EU pelo menos não quero me enriquecer as custas da desgraça alheia” . Eu defendo também a liberdade que a ele deve ser conferida, assim como defendo essa mesma liberdade até pra inimigos meus. No caso do Facção eu já digo diferente: eles não rimam ( Ps : rima não é tudo, MAS FAZ PARTE DO CONJUNTO ) eles não possuem ritmo, eles viram na desgraça uma forma de chegar mais rápido aos holofotes, todo mundo sabe que o Facção não é e nem nunca foi assim até antes daquele “suposto empresário” e daquela “suposta saída do Erick
12) Você citou em uma entrevista que pessoas que fazem apologia as drogas, são pessoas que não tem “compromisso” com o Rap, e que pra você eles não merecem respeito. Entretanto, você apóia uma “rapa” de Goiânia que muitas vezes deixa nítido essa apologia. O por quê dessa contradição?
Relry: Eu apoio a rapa e não a apologia que ela faz, e na verdade eu não crucifiquei o “falar de drogas” eu simplesmente questionei o “dizer que elas são boas”, eu já vi meus parceiros da VMG falando que usam, mas eu não vi eles dizendo que você também deve usar, ou que sem elas você é um “careta” se eu sou um policial e alguém pula do prédio isso não é problema meu, mas se alguém empurra uma pessoa do prédio ai sim é problema meu. Falar que meu pai me fez mau quando era criança é uma coisa, falar pra você meter um téco no peito do seu se ele fizer o mesmo “é outra coisa”. Se auto declarar e fazer apologia são coisas diferentes ( Eu acho).
13) Em vários ambiente de debates você citou o Brown como racista pelo fato de dizer “Rap é coisa de preto”. Você não acha que essa afirmação do Brown é apenas mostrando um fato histórico da nossa cultura?
Relry: Pra começo de conversa o que vale nesse caso não é a teoria, mas sim o teor, eu não preciso ser bom pra outro ser necessariamente ruim, então o Brown não precisa afirmar que rap não é coisa de branco para o rap ser necessariamente coisa de preto, e se a cultura é nossa então eu também faço parte e se sou branco então não aceito alguém fazer auto-afirmações com tons eliminatórios a outros tipos de cores que não seja a negra. E na moral o Brown teria mil outros motivos para salientar inúmeros fatos de nossa cultura eu nunca vi um grã bretanho afirmando que futebol é coisa de branco, alias eles nunca reclamaram do rei dos campos ser negro, então por favor não me venha com essa!.
14) Mano, dizem por muitas letras cantadas no rap, que o rap é para os fortes, os que não são fortes, desistem e caem por terra por toda a falácia que jogava em palcos, Branco tipo A é fraco devido a sua retirada do RAP?
Relry: Se o rap fosse geral coisa de fortes então o mano Brown não seria um racista fazendo som, se o rap fosse geral coisa de fortes então o Bill levaria a mesma fama que o Cabal levou quando gravou com Emos, se o rap fosse coisa de fortes em geral então o publico não cairia no conto do Facção Central que é um produto da industria da desgraça visto que levam ódio a quem já tem ódio e romantizam a violência por 5 minutos e no final dizem que o crime não presta. O rap é coisa pra forte no sentido de falar o que quiser e ir contra até mesmo a própria gente (por questões ideológicas) tudo por amor ao propósito inicial, nesse caso grana seria conseqüência. O rap não me serve mais, pois não me suporta mais, eu devo ter ficado mais forte do que a falsa força que a maioria prega por aí. O rap não agüenta eu dizer as contradições do Eduardo, o rap não agüenta eu dizer que o Bill é um racistazinho interesseiro, o rap não agüenta eu dizer que Emicida é uma bosta, o rap não agüenta eu dizer que Kamau é uma merda, então eu não sei quem é que enfraqueceu só sei que não me serve mais e acho também que não sou mais útil ao rap, encarar os fatos também é ser forte! E mais: eu estou deixando o rap por que conheci algo mais importante, ou seja, “estou apenas subindo um degrau a mais na minha particular escada evolutiva”.
15) O que você acha da velha e da nova escola?
Relry: A velha escola é aquela que deu origem á arvore genealógica musical do rap, foi o inicio de tudo, é errado eu está bem de vida hoje e esquecer o esforço que meu pai teve por mim. Tudo tem um propósito e a velha escola foi a que deu esse propósito inicial pro rap, caso contrario ele nem teria nascido. A nova escola é menos compromissada com esse propósito inicial e com as características que definem o rap, antigamente na época de ouro do rap as letras eram escritas em um maior espaço de tempo, todos os sons eram gravados em estúdio e nem todo mundo era mc, a parada era mais seria, como querem que o rap seja levado a serio se o cara começa hoje e amanhã ja tem 10 sons caseiros no Myspace? tem bons Mc’s na nova escola também, mas eu particularmente não gosto muito não.
16) O que você mudaria no rap?
Relry: Eu mudaria os parâmetros para ser ou não um rapper, não to querendo impor regras e nem cartilha nem uma, mas até dentro de uma casa tem que ter quem manda e quem obedece, dentro de uma empresa tem cargos, hierarquias, e eu acho que o rap é muito perna-aberta, todo mundo manda, todo mundo faz o que quer, liberdade é uma coisa bagunça é outra! Eu mudaria o modo de aceitar os sons, tem muito grupo ruim e mc besta e burro sendo aplaudido por iniciantes que abraçam tudo.
17) Espaço totalmente aberto, fique à vontade!
Relry: Obrigado á quase todos os manos do movimento goiano, especial á meus irmãos da TNT, ao DJ FOX, TC Eletrorock, Mc Lethal e é claro AOS MEUS IRMÃOS DO GOIANIA GANGSTA. No mais eu agradeço de coração a VDRN que sempre me ajudou, eu agradeço e reconheço demais o apoio de vocês, agradeço também ao nosso Site Rap Gyn e a todo povão nas ruas e na internet que sempre curti os trampos e manda aquele salve sincero.